sábado, 3 de novembro de 2012

anjo


meus dedos deslizam leves
na pele imaginada
e sinto a delicadeza do arrepio contido dentro da alma
meus lábios tocam os lábios 
o sonho se reparte em espera e vontade
desejo e solidão
e penso haver alguma loucura calculada
nos olhos desta mulher
silenciosos como a madrugada

AnJo DupLo 

beijo seus seios
seu peito se apressa, descompassa
corro meu sonho no seu corpo
e sua vontade pensa fugir
correr para alguma distante primavera
não a prendo
tampouco aprendo
não se pode prender um anjo do silêncio
e a vejo debater-se
como se meus braços fossem a prisão 
de todas seus desejos não revelados
então, aflita
entende que tenho já as mãos amarradas
presas na cabeceira da ilusão
não mais a toco
e o que a prende
a sufoca
é a  saudade
das noites de amor 
que aos poucos substituiu por solidão...