domingo, 25 de julho de 2010




O tempo passa
A vida passa
O som do tempo é um dedilhar de cordas de violão
Numa manhã distante
Uma canção que não ouvimos
Mas sentimos
Um verso que não falamos
Nem calamos
A vida passa
E parece que envelhecemos
Tentando descobrir o som do tempo
E seus avisos
Uma lembrança de chuva no telhado
O riso de alguém que já foi
O sol colorindo as gotas de orvalho
Como se as lembranças fossem alertas
Sirenes disparadas
Para nos avisar
Que o tempo passa
A vida passa
E apenas envelhecemos

quarta-feira, 7 de julho de 2010

despertar



a brisa mansa da manhã acariciou meu rosto
nascia o sol atrás da montanha delicada do teu seio
e teus cabelos
como uma relva debruçada pelo vento
se espalhavam no meu peito
e deixavam no ar de orvalho
o cheiro manso do teu desejo
quis parar o tempo
um segundo que fosse
para eternizar a luz
que acendia pequenas chamas em teus pêlos
e queimava em mim o tempo de tristeza
passado longe do teu beijo
mas a manhã veio, finalmente
dobrar o orgulho da noite
e nela encerrar nosso sonho eterno de alegria
teu corpo nu movimentou-se leve e a brisa parou
como se fosse uma reverência
e permitiu, gentilmente
que teu cheiro não se espalhasse
além das minhas mãos
toquei-o no ar com carícias delicadas
rocei teu lábio no meu
e me vi perdido no deserto da paixão
encontrando alguma umidade
na areia fina e seca da saudade
ah! não te acordei
não foi apenas um acordar
ressuscitei-a do passado
que viesse o dia
e te levasse caminhar longe dos meus passos
sempre incertos
todas as madrugadas orvalhadas te ressuscitariam
em meu peito
nos sonhos das manhãs inacabadas